quarta-feira, 14 de abril de 2010

LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR


A articulação do joelho contém dois ligamentos cruzados que tem a função de impedir o movimento de translação anterior ou posterior da tíbia em relação ao fêmur. Eles se chamam cruzado, porque se cruzam no centro da articulação. Baseado no fato de que a maioria dos pacientes portadores de lesão do ligamento cruzado anterior necessita de reabilitação, e sabendo-se que a fisioterapia tem atuado cada vez mais nesta área, é necessário que o profissional da fisioterapia saiba como atuar, auxiliando na reabilitação destes pacientes.



O ligamento cruzado anterior mede aproximadamente 38 mm de comprimento e 10 mm de largura, originando-se na face póstero – medial do côndilo femoral lateral, inserindo-se na interespinha da tíbia, a maior parte do seu suprimento sangüíneo é dado pela artéria genicular média e sua inervação é feita pelo nervo tibial.

Como ocorre a lesão do LCA:



Inúmeros testes descritos relatam que o Ligamento Cruzado Anterior (LCA) e osso são capazes de suportar um determinado peso antes da ruptura, sendo este valor para atividades que exijam esforços. Já em atividades normais é exposto apenas a 45 kg. Em adultos jovens o alongamento do LCA pode chegar até 25% do seu valor normal sem ruptura, tendo neste valor uma redução com o aumento da idade.



As lesões do LCA ocorrem geralmente por mecanismos onde o estresse no ligamento é grande o suficiente para causar uma ruptura. As lesões podem ser parciais ou totais dependendo do movimento, força e alongamento, seu trauma pode ser direto ou indireto. Quase sempre a lesão é dada por uma manobra de torção, e desaceleração súbita geralmente seguida de estalos e hemartroses (acúmulo de sangue) presente dentro de poucas horas, ou ainda abdução com rotação externa e hiperextensão.



Outro mecanismo de lesão do LCA é quando o indivíduo fica com o pé no chão e promove uma força de rotação do joelho, ou seja, é ocasionado por uma hiperextensão, rotações com o pé fixo no chão, onde freqüentemente são observadas lesões de ligamento colaterais e mediais, ambas envolvendo mecanismo de desaceleração do movimento.


O Processo Cirúrgico:



Na maioria das vezes o LCA precisa de reconstrução cirúrgica, ela é feita por artroscopia e o médico cirurgião utiliza como enxerto (novo tendão) o terço central do ligamento da patela, tendão da musculatura isquiotibial ou aloenxertos.



A Fisioterapia:



A fisioterapia deve ser iniciada logo após a cirurgia, sendo somente encerrada na alta do paciente, devem-se especificar os exercícios dependendo do tipo da lesão, é iniciado com imobilização pós-operatória preservando esta por dois dias somente, sendo contra-indicado o uso de apoio durante a imobilização. Logo após a retirada da imobilização é recomendado o uso de muletas até a recuperação completa da amplitude de movimento articular.



Na fase inicial dar ênfase na extensão completa do joelho e utilizar durante a marcha muletas, mas descarregando o peso normalmente. Ensinar o paciente a caminhar para não adquirir uma marcha errada, usar gelo imediatamente para controle do edema e da dor. Alongamento da musculatura posterior da coxa com o auxílio de uma faixa, de preferência deitado. Na seqüência exercícios isométricos com o joelho em extensão realizando um movimento leve e controlado para iniciar o despertar do quadríceps. Iniciar exercícios com faixa elástica para a panturrilha. Importante também é começar a ganhar amplitude de movimento, leve, respeitando a dor do paciente e seqüencialmente, exercícios de cadeia cinética fechada na angulação inicial de zero a trinta graus de flexão. Bicicleta ergométrica sem carga com o banco alto para ganho de amplitude de movimento. Depois de duas semanas o paciente vai caminhar sem muletas e a variação e progressão dos exercícios vai de acordo com a capacidade do atleta.



Durante o segundo e o terceiro mês a musculação para membro inferior tem vital importância para ganho de massa muscular, associado com o uso do elíptico e da bicicleta para trabalho aeróbico. Não é necessário o uso da cadeira extensora para ganhar força nesta fase, pois se não respeitar a angulação correta a pessoa sem orientação pode afrouxar o enxerto. No quarto mês, junto com o início do trote, sem inclinação e sem mudança de direção, de preferência numa esteira onde se pode controlar a velocidade e minimizar o impacto no joelho.


Os exercícios mais parecidos com o esporte que o paciente pratique devem iniciar a partir do quinto mês: piques, saltos, corrida com mudanças de direção, exercícios associando força e equilíbrio. Sempre a evolução é controlada pelo fisioterapeuta, aumentando a carga da reabilitação gradualmente. Durante todo o tratamento deve-se realizar alongamento global para as pernas e finalizando com o uso do gelo, por pelo menos vinte minutos. A liberação total para o retorno deve seguir alguns critérios, força, agilidade, resistência e confiança, geralmente ao término do sexto mês. Se o paciente conseguir realizar uma avaliação isocinética terá informações mais precisas sobre a força e resistência, embora não seja vital, pois se trata dum teste não funcional.


Em minha vivência percebo que ainda existem muitas clínicas que não dão a orientação adequada para este tipo de tratamento prejudicando e adiando ainda mais todo processo de recuperação, por isso procure sempre um profissional especialista.




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